Poucas semanas atrás, o DJ Alok foi flagrado nas redes sociais realizando uma sessão de neuromodulação. Nas palavras do músico, o tratamento foi uma alternativa às sucessivas crises de labirintite.
Alok não está sozinho no diagnóstico. Muito pelo contrário. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 30 milhões de pessoas convivem com a doença. Muitos, entretanto, desconhecem os sintomas e acabam não tendo tratamento adequado. Mas, afinal, o que é labirintite?
O termo é bastante usado no cotidiano, porém, de forma equivocada. Labirintite é uma inflamação do labirinto, uma estrutura interna do ouvido responsável pela audição, equilíbrio e percepção do corpo. Nem toda doença do labirinto é labirintite. Neste caso, o termo correto é vestibulopatia, sendo a inflamação uma das mais frequentes.
O que é vestibulopatia?
Tontura, vertigem e labirintite, como a enfrentada por Alok, são sintomas das vestibulopatias, condições que afetam o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio e pela orientação espacial. No Brasil, cerca de 85% das pessoas têm algum tipo de vestibulopatia.
São muitos os distúrbios do sistema vestibular. Os mais comuns deles são: Vertigem posicional paroxística benigna, Doença de Ménière, Labirintite purulenta, neuronite vestibular (inflamação do nervo), enxaqueca vestibular, fístula perilinfática e deiscência do canal semicircular.
Quais os sintomas das Vestibulopatias?
As vestibulopatias podem ocasionar uma ampla variedade de sintomas, incluindo desequilíbrio visual e postural, enxaquecas e zumbidos. Até mesmo pela semelhança com outras doenças, o diagnóstico se torna mais complexo. Nem toda pessoa com desequilíbrio e cefaléia sofre de vestibulopatia.
As vestibulopatias podem ser causadas por uma variedade de fatores, como:
Lesões no ouvido interno
Infecções
Doenças autoimunes
Medicamentos
Envenenamento
Esses distúrbios, se não diagnosticados corretamente, podem prejudicar muito a capacidade de realizar as tarefas mais simples. E, pior: se não tratados corretamente, têm o potencial de gerar muitos distúrbios com gravidade variável.
Como tratar as vestibulopatias?
São muitos os recursos disponíveis atualmente, como: farmacoterapia, orientação nutricional, intervenção cirúrgica, abordagem fisioterapêutica e neuromodulação.
Tratamento Medicamentoso: Nos casos de vertigem aguda ou tontura intensa, medicamentos como anti-histamínicos, antieméticos e até mesmo corticosteroides podem ser prescritos para aliviar os sintomas. Podem controlar a inflamação no ouvido interno ou reduzir a intensidade das tonturas.
Reabilitação Vestibular: É uma abordagem eficaz para muitos pacientes. Envolve exercícios específicos projetados para melhorar a função vestibular, promovendo a adaptação do cérebro aos desequilíbrios. Fisioterapeutas especializados nessa técnica podem ajudar os pacientes a melhorar sua estabilidade e reduzir tonturas.
Cirurgia: Em casos graves de vestibulopatias, como a doença de Menière, a cirurgia pode ser considerada. Procedimentos como a descompressão do nervo vestibular ou a instalação de um implante coclear podem ser realizados para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Gestão da Causa Subjacente: Identificar e tratar a raiz, origem das vestibulopatias é fundamental. Isso pode incluir tratar infecções do ouvido, distúrbios metabólicos, pressão arterial alta ou outras condições médicas que possam contribuir para os sintomas.
Modificações no Estilo de Vida: Algumas mudanças podem ser benéficas, como evitar álcool, cafeína e alimentos ricos em sal. Além disso, aprender a gerenciar o estresse e a ansiedade pode ajudar a reduzir a frequência e intensidade das crises de tontura.
Seja qual for o recurso indicado, o tratamento das vestibulopatias e tonturas é altamente individualizado e deve ser supervisionado por um profissional de saúde. O diagnóstico correto da causa subjacente é fundamental para determinar a abordagem mais adequada e proporcionar alívio aos pacientes que enfrentam essas condições debilitantes.
Vestibulopatias e Neuromodulação
No caso do DJ Alok, foi empregada a estimulação magnética transcraniana (TMS), técnica relativamente nova, mas que tem mostrado resultados promissores no tratamento de diversas doenças, incluindo a labirintite.
A TMS envolve a aplicação de campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro. No caso das vestibulopatias, o objetivo é melhorar o equilíbrio e a orientação espacial. Diversos estudos recentes têm apontado a neuromodulação como uma alternativa de tratamento. Em alguns casos, pode até mesmo levar à cura da doença.
Um trabalho publicado em 2022, na Otology & Neurotology, mostrou que a neuromodulação foi eficaz no tratamento de pacientes com a doença de Menière. Pacientes submetidos à neuromodulação não invasiva tiveram melhoras significativas em diversos sintomas. Outro estudo, veiculado no mesmo ano, destacou os benefícios da técnica TMS no tratamento da vertigem crônica.
Ainda são necessários mais estudos para comprovar, de fato, todos os benefícios da neuromodulação nas vestibulopatias. Apesar disso, os resultados iniciais são promissores. Uma esperança para milhões de pessoas que sofrem com doenças de difícil diagnóstico e tratamento.
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