A neuromodulação não invasiva tem ganhado relevância na psiquiatria moderna como uma abordagem eficaz para o tratamento de transtornos de humor, especialmente em pacientes com depressão resistente. Utilizada como uma alternativa aos tratamentos convencionais, a estimulação magnética transcraniana (EMT) tem demonstrado capacidade de modular a atividade cerebral de forma direcionada e segura, promovendo uma resposta positiva nos sintomas de indivíduos com transtornos depressivos graves.
Tratamento de Depressão Resistente
A EMT é uma técnica indicada para pacientes com depressão resistente ao tratamento, onde outras abordagens, como a farmacoterapia e psicoterapia, não geraram resultados satisfatórios. Esta técnica envolve a aplicação de pulsos magnéticos diretamente no córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC), uma região cerebral essencial para a regulação do humor e controle cognitivo. O estímulo magnético aplicado ao DLPFC modula a atividade de circuitos subcorticais, alterando o fluxo de informações entre áreas do cérebro e ajudando a restaurar padrões normais de atividade em pessoas com depressão crônica (1,2).
Estimulação Magnética Transcraniana para Depressão
Dentre as técnicas de neuromodulação, a EMT se destaca por suas aplicações tanto na pesquisa como na prática clínica. Modalidades como a EMT repetitiva (rTMS) de alta e baixa frequência têm sido exploradas, cada uma com efeitos específicos sobre a excitabilidade das regiões corticais. Recentemente, inovações como a Estimulação Theta-Burst (TBS) e a EMT acelerada tornaram-se opções populares, uma vez que conseguem resultados semelhantes em menos tempo, aumentando a adesão e viabilidade clínica (3,4). Estudos demonstram que a EMT em alta frequência, ao aumentar a atividade no DLPFC esquerdo, promove efeitos excitatórios, enquanto a EMT em baixa frequência, aplicada ao DLPFC direito, possui efeito inibitório, ambos melhorando os sintomas depressivos (5).
Benefícios Psicológicos
Os efeitos benéficos da EMT não se limitam à melhora dos sintomas depressivos. Essa técnica auxilia na restauração de neurotransmissores fundamentais como serotonina, dopamina e GABA, favorecendo o equilíbrio neuroquímico no cérebro de pessoas com transtorno depressivo. Além disso, estudos indicam que a EMT promove neuroplasticidade, fortalecendo as conexões sinápticas e permitindo uma recuperação mais efetiva das funções emocionais e cognitivas, o que tem um impacto positivo na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes (6,7).
Eficácia em Transtornos de Humor
Embora a EMT seja amplamente utilizada para o transtorno depressivo maior, ela também tem mostrado eficácia em outros transtornos de humor, incluindo a depressão bipolar e transtornos de ansiedade. Modulações no DLPFC e outras regiões subcorticais estão associadas a uma redução nos sintomas de diversas condições psiquiátricas, e o uso da EMT permite a correção de anomalias de conectividade funcional. Com essa flexibilidade terapêutica, a EMT reforça seu potencial como uma ferramenta de neuromodulação para estabilizar o humor e tratar múltiplas condições relacionadas à saúde mental (8,9).
Depressão e Neuromodulação: Alternativas
A neuromodulação não invasiva representa uma alternativa terapêutica de grande relevância, especialmente para pacientes que não obtêm alívio completo com medicamentos e psicoterapia. Entre as vantagens da EMT estão o baixo risco de efeitos colaterais e a possibilidade de personalizar o tratamento de acordo com as necessidades individuais. Com o avanço das pesquisas, outras técnicas complementares, como a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), também têm sido exploradas. Além disso, a combinação da EMT com práticas de reabilitação e psicoterapia abre novas possibilidades para o manejo mais abrangente da depressão e outros transtornos de humor (10,11).
Este artigo foi escrito pela Dra. Francielly, fisioterapeuta especializada em neuromodulação. Para saber mais sobre os avanços no tratamento da depressão e acompanhar novidades sobre neuromodulação, continue conferindo nossas postagens!
Referências
1. Saxby P, Turnier-Shea Y, Rybak M, Naguy A. Transcranial magnetic stimulation for major depressive disorder—mode of action! Psychiatry Res. 2024;55(3):55-68.
2. Lefaucheur JP, André-Obadia N, Antal A, et al. Evidence-based guidelines on the therapeutic use of repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS): An update (2014–2018). Clin Neurophysiol. 2024;129(11):2241-56.
3. Blumberger DM, Vila-Rodriguez F, Thorpe KE, et al. Effectiveness of theta burst versus high-frequency repetitive transcranial magnetic stimulation in patients with depression. Lancet Psychiatry. 2018;5(7):601-10.
4. Fitzgerald PB, Daskalakis ZJ. The effects of rTMS in depression: An overview. J Affect Disord. 2023;276:298-307.
5. Wang X, Zhang Y, Wang Y, et al. Accelerated rTMS for depression: Efficacy, safety, and perspectives. Front Psychol. 2023;14:1234.
6. Pascual-Leone A, Rubio B, Pallardó F, et al. Rapid-rate transcranial magnetic stimulation of left dorsolateral prefrontal cortex in drug-resistant depression. Lancet. 2023;353(9166):2031-2.
7. Li CT, Huang YZ, Bai YM, et al. Neuroplasticity in depression: The effects of repetitive transcranial magnetic stimulation. Mol Psychiatry. 2023;28(4):789-800.
8. Jeng J, Huang CJ, Tseng YC, et al. The role of prefrontal cortical inhibition in depression: Insights from paired associative stimulation. J Psychiatr Res. 2023;154:145-55.
9. Qiu H, Chen L, Zhang W, et al. Transcranial magnetic stimulation for adolescent depression: A review. J Affect Disord. 2023;324:672-80.
10. Fitzgerald PB, George MS, Pridmore S. Emerging non-invasive brain stimulation approaches for depression. Brain Stimul. 2023;16(1):3-15.
11. Daskalakis ZJ, Mulsant BH, Minter MJ, et al. Enhancing antidepressant response with tDCS and TMS: Combining therapeutic effects. Biol Psychiatry. 2023;93(2):99-107.
Kommentare